terça-feira, 9 de julho de 2013

Bem-te- vi






Bem - te - vi

a José Leal , meu pai

Quando a ternura ganha força e coragem
Invade, com suas asas, espaços
Entra por todas as janelas na manhã ensolarada,
que pede cuidados
para plantas, pássaros
e meu coração.
Vontade de descansar da vida
em alguma rede branca na varanda antiga,
onde guardo o passado
revivido.
Meu pai me chamando no jardim
Meu pai me convidando,
a cuidar de suas flores no jardim.
Hoje, eu o convido,
e sei que  aqui ele está
nessa presença intensificada
pela falta.
Sim , é ele
Reconheço pelo ar de ternura
que sempre anunciava a sua vinda,
pela espera doce
e a certeza da presença.
Sei que é ele que encontro
Nas asas daquele bem te vi
que olha por mim
exclamando palavras suas:
-"Bem te vi
Bem te vejo
Te verei bem"
São  as palavras delicadas,
como aquelas asas
e como as cores que escolho
para esses sentimentos.
Para falar dele,
nunca digo tudo,
silencio o coração
que, cansado,
busca o  conforto que os pássaros
podem oferecer.
Embarco nessas asas
sobrevoando o passado.
Quanto ao futuro,
trago de lá as manhãs eternizadas,
onde ele se encontra,
e meu coração
canta para ele ouvir:
"-Tanto bem te quis
Todo o bem, por ti
quero
Tanto quero ver-te
Bem.
Meu pai ,
meu bem-te-vi,
Bem 
te
 vivi".


Susana Meirelles




Um comentário:

  1. Emocionei-me com o poema ao pai e com a ausência, essa pele invisível de que se vestem os que se foram, quando querem mostrar-se a nós. Muito, muito lindo!

    Beijos,

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