Poesia em Imagens
Alma ao Vento
Em resposta ao Desafio Poético de Tânia Contreiras
Alma ao Vento
Em resposta ao Desafio Poético de Tânia Contreiras
Alma ao Vento
Uma suave urgência
Perturba-me
E eu consinto, me
entrego
Sem anteparos
Uma cena ultrapassa-me
Um olhar arrebata-me
E um cálido silêncio
Chama meu nome.
Sou folha em branco
Desnuda-me
Desfolha-me
Mais um pouco.
De beleza transbordarei
Minha alma seguirá
ao vento
Até que uma palavra risque-me
E um poema escreva-se
Em mim.
Susana Meirelles
BRINDE
Sob os olhos do mar
Aos olhos do mar
Susana Meirelles
BRINDE
Há taças
e traças um caminho
elas partem,
como partidos estamos
Divididas,
como nós, duvidamos
o que contemplam?
o sangue? o vinho?
a vida brindada
a vida, antes da queda.
Susana Meirelles
O CÉU
Com os pés sem asas
Subi escadas
Nas pontas dos dedos
Vivi todo peso
do corpo e dos tijolos
com que construí minha história.
Contudo, recordo-me,
não do chão, mas das nuvens
Não da dor, mas do vento
Não da lágrima
Mas de quão
azul
foi o céu
Dos meus dias.
Susana Meirelles
ENLEVO
Elevo-me
Levo-me a ti
É teu o olhar
Que rompe amarras
Em mim.
Amarro -me
nessa desrazão
sem razão
sem razão
Flutuo
Enlaçando-me em poesia.
laçando-te,
laçando-te,
Torno-me criança em vésperas
Antegozo a festa
Gôzo.
A tudo antecedo
Antes
Antes
Enlevando-me
Levando-me
Bem sei ,
Ainda é cedo
(Demasiado cedo)
Mas a esse enlevo
Cedo.
PEDAÇO SEU
Sua lágrima
Lago
onde precipito-me,
avanço.
Nela vejo histórias,
Memórias
Arcos, velas, mares
Solitária estrela
a me guiar
nas tempestades
do agora.
Sua lágrima,
poço sem fundo
Passagem
Para fundo
(Tão fundo)
Em mim.
Sua dor é punhal
É Ferida
Partindo-me
Dilacerando.
Sua lágrima
Revela segredos
Mistérios dos seus nãos
Ou flor que desabrocha
Nas pétalas dos seus sins
Nela escuto vozes
Canções, notas musicais
E leio encantada,
Versos que lhe emocionaram
Revelando o que tentava em vão me ocultar.
É simples sitio em beira de estrada
Paragem e mãos dadas.
Sua lágrima,
Meu sonho de encontro
Na minha pele absorvendo
E nos meus olhos
Úmidos, sendo,
O melhor espelho de mim.
Sua lágrima
Pedaço seu
Que extravasa
E amo.
Susana Meirelles
Náufraga
Gira o mundo
Pesa o passo
Sobe escadas
Apressada.
Teme
Encontra
Confronta
Náufraga.
Vira o tempo
Fecha a porta
Acerta ponteiros
E os passos
Novos espaços
Para pés descalços
Tempo revira
revolta
não volta.
Céu e nuvem
Chuva e estrelas
Areia e Pedras
Vida e poesia
Se o amor é dor,
Deixa, estilhaça
E se o tempo é nau, confia
Embarca.
Susana Meirelles
A OUTRA PARTE
Metade é verde, é viço
Outra madura, fruta escura.
Metade , inteira
A outra é marcada.
Uma metade é leve
A outra, profunda.
Metade é voo, é salto
Outra, mergulho.
Uma é sonho
A outra é sensata.
Uma metade admira, surpreende-se
A outra se entedia, tudo sabe.
Uma tem medo, é inicio.
Outra aceita, se cala
Uma parte extravasa.
Transborda.
Outra reserva, se guarda.
Uma parte é ponte, transporta
A outra é chegada.
Duas partes
Duas metades
Metade é a beleza da vida
E do viver , a beleza,
a outra parte.
Susana Meirelles
DEZ ANOS
Recolhi das nuvens
Um pouco dos sonhos
Dos que gastam seu tempo
a contemplá-las.
Corri pelo campo
Espalhando-os
Diluindo temores,
Como fumaça.
Olho, recordo:
Eram muito brancas
As nuvens no céu
dos meus dez anos.
Com a massa dos meus desejos
gotas de chuva e raios de sol
Eu modelava o branco em flocos.
E o que restava era muito
azul.
Todos os dias
A manhã sendo,
Antes que eu olhe o céu
Aquela menina em mim, desperta
E faz perguntas
ao meu coração.
Todas as noites
A noite sendo,
Antes de dormir.
Aquela menina em mim
Não entende minhas respostas
se cala e volta a sonhar.
Enquanto eu,
a dor meço
Susana Meirelles
AZULANDO
Sob os olhos do mar
Um menino brinca
Com o Sonho
Castelos faz
Desfaz
E refaz.
Sob os olhos do mar
Um menino brinca
Com o Tempo
Faz Mágicas :
Rememora
Remoça
A tudo renova
Sob os olhos do mar
Um menino brinca
Com a Vida
Joga
E enigmas
Aprofunda
Desvenda
Desnuda.
Sob os olhos do mar
esse menino nos ensina
que Sonho Tempo e Vida
na roda do nosso destino
dançam sempre conosco,
a brincar.
O menino é azul
E as tempestades
O mar vai acalmando
E sua alma
Guardando
Azulando
Amando.
(E foi tão belo de se ver
aquele menino a azular
Que mesmo a morte
- negra Morte-
Apenas quis,
Com o menino,
Brincar)
Susana Meirelles
Caixa Fechada
Caixa
quando se abre
Mão que afaga
Na Ponta dos dedos
Dança um amor sonhado.
É Lágrima
Dor de historia
Uma Longa memória.
Talvez uma Palavra lacrada
Um Segredo
(Quando voa
da garganta
todo medo)
Caixa
quando se abre
É poema
De vida
quase decifrada
Mas ainda encantada.
Toda vida
é caixa fechada.
Susana Meirelles
Todas lindas. Adorei. Beijos
ResponderExcluirSusana, uma produção e tanto, heim? Maravilhosos poemas, um estilo que se insinua, beleza sempre presente. Fico contente de ler tanta coisa boa aqui! :-)
ResponderExcluirBeijão,
Obrigada pela sensibilidade tão fina e delicada, que cria esses desafios e nos inspira, revelando nossos múltiplos olhares, Bjo!
Excluir