quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Beleza Triste






Uma nostalgia nas ruas
nas badaladas dos sinos
anunciando a hora.
Hora da saudade
Hora da despedida
Hora da partida.

Nesta noite cinzenta e fria,
Lisboa me parece triste
(e  por ser triste não deixa de ser encantada).

O meu olhar procura por algo
nas ruas antigas e sóbrias
que solidarias à minha dor,
me abrigam.

Lisboa, olho-te e  contemplo-me: 
Não sei em qual das tuas ruas 
essa neblina que tanto te encanta
em lágrimas minhas se tornará.

Largas são tuas praças
escuras, as veredas
Meus recantos mais sombrios
finalmente, em ti, encontrei.

Aqui posso ser invisível e silenciosa.
Faço-me morta
e nisso há um prazer triste.
(e por ser triste ,não deixa de ser encantado).

Descubro-me solitária e cinza
Como esses olhos que no metrô me fitam
e à primeira lágrima  que, como teus sinos 
anunciando a hora ,assistem.

Em silencio, nos cumprimentamos e lhes digo
que, como Lisboa, 
a tristeza pode ser bela
e a beleza pode ser triste.


 Susana Meirelles

Nenhum comentário:

Postar um comentário