sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Série Gente - Poltronas Azuis





Foi a última vez em que lhe vi ali,
Na sala das poltronas azuis.
Azuis como seus olhos,
Como nosso olhar sobre as coisas da vida
Sob o céu dos vinte anos.
Era uma despedida
Dor só consolada
Pela alegria
de seu sonho realizado.
Do momento em que nos encontramos até ali,
Percorremos pontes, vielas, atalhos.
Estradas da amizade
Caminhos, ora tão belos
Ora árduos, profundos
e encantados.
Ao seu lado vivi a coragem
do mergulho em mim,
E juntas desejamos
(Cada uma a seu modo)
tocar o indecifrável.
Estudos, reflexões, crescimento. trabalho,
vidas, ideais, datas festivas,  risos,
não poucas lágrimas.
Sempre contei com seu olhar azul e suas mãos amigas,
mesmo quando quase juntas,
ou quase afastadas.
Há algo na vida que é insondável
Que promove os encontros.
Por isso,
Apesar dessas lágrimas
Que me ultrapassam,
Sinto e sei
Que há dois lugares azuis
onde, amigas,
 sabemos que seremos escutadas.
Lugar azul de todos os sonhos renovados
Recuperados
Feitos, desfeitos e refeitos
Ou, como agora, alcançados.
Bem quisera demorar-me um pouco mais,
Na sala das poltronas azuis,
 - sua tradução-
Mas bem pouco importa o tempo, a data
ou o calendário,
permaneceremos no lugar azul
do terno  e do eterno dentro de nós
onde,confortáveis
descansamos e rimos
das moças- mulheres e das mulheres- moças
que somos
numa tão terna idade,
em que as lágrimas e os sorrisos
marcam a dor e a alegria
que há num grande encontro
que a vida nos deu
e nas  despedidas,
sempre provisórias.



Susana Meirelles
31 de Outubro de 2012
(Depois de um abraço)


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