sábado, 29 de agosto de 2015

Série Viagens


A POESIA DAS RUAS

Saudades de ti ,Paris!
da poesia de tuas ruas
nostalgicas e envelhecidas.
Tua musicas embevecidas
por teus vinhos.

Encontrei -me em teu renascimento
e em cada uma de tuas esquinas.
Em teus mercados,estive
nos teus lamentos apaixonados e
em tua alegria festiva.

Tuas catedrais ergueram -me aos cèus
e enraizaram- me no teu chao.
Tuas chaves abriram- me portais
enquanto em teus silenciosos jardins
assisti florescer a minha primavera.

Saudades de ti ,Paris
Tua torre me abismou
Tua vista , tuas vistas
no meu olhar sobre ti
e sobre mim.

Reconheci um aroma de fim
Em teus perfumes
e em meus avanços
E a dor de um epilogo
nas tuas cancões.

Paris, saudades de ti
Saudades de um não sei o quê...
um nao sei o quê que tens
Saudades
de um nao sei o quê que tive
em ti.




 Susana Meirelles




CABO DA ROCA


Quebra o mar bravio no penhasco
e um frio gélido me alcança  a alma.
Finda a terra como um crepúsculo.
Ponta, extremo e inicio 
de um mar azul e profundo

Quebra o mar bravio no penhasco.
Todos os extremos buscamos
para aos regressos dar inicio.
Viagem que se finda
é primeiro passo da vinda.

Quebra o mar bravio no penhasco
Perigosos abismos me convidam 
e impulsionam
num misto de terror
aventura e acalanto.
Do alto, ondas do mar avisto
com prateada neblina 
me pranteando os olhos
embaçando a vista 

Quebra o mar bravio no penhasco
Não me recordo a dor da morte 
mas deve ser tão aguda e tão  fina
como a beleza deste instante.
Extremo ponto, abismo
(Suspiro fundo).

Quebra o mar bravio no penhasco
Tarde banhando espaços e preenchendo dores
nebulosas as respostas e as perguntas
feitas em  variados idiomas.
O silencio falando
calando fundo.

Quebra o mar bravio no penhasco.
Em mim. um gosto de infinito.
Viro-me e da morte desisto.
A vida segue convidando.
e a ela, como a um penhasco, 
Jogo-me
Entrego-me
Abismo-me.



Susana Meirelles






BELEZA TRISTE



Uma nostalgia nas ruas

nas badaladas dos sinos
anunciando a hora.
Hora da saudade
Hora da despedida
Hora da partida.

Nesta noite cinzenta e fria,
Lisboa me parece triste
(e por ser triste não deixa de ser encantada).

O meu olhar procura por algo
nas ruas antigas e sóbrias
que solidarias à minha dor,
me abrigam.

Lisboa, olho-te e contemplo-me: 
Não sei em qual das tuas ruas 
essa neblina que tanto te encanta
em lágrimas minhas se tornará.

Largas são tuas praças
escuras, as veredas
Meus recantos mais sombrios
finalmente, em ti, encontrei.

Aqui posso ser invisível e silenciosa.
Faço-me morta
e nisso há um prazer triste.
(e por ser triste ,não deixa de ser encantado).

Descubro-me solitária e cinza
Como esses olhos que no metrô me fitam
e à primeira lágrima que, como teus sinos 
anunciando a hora ,assistem.

Em silencio, nos cumprimentamos e lhes digo
que, como Lisboa, 
a tristeza pode ser bela
e a beleza pode ser triste.



Susana Meirelles






SINTRA


Tuas casas pequenas, brancas
Teus anéis, minha aliança
Verdes tuas árvores.
Frondosa a minha esperança.
Envelheces vinhos
e a mim renovas.
Tuas doces maçãs deitando em mares
formando-se pomares.
Tua beleza em meu pranto
torna-se encanto.

De onde estou escuto vozes
Ecoando do teu passado
Poesia de Pessoa
sua beleza e suas dores,
E como casa pequena para tantas visitas
minha palavra é pouco 
e tampouco é tanto.

Brisa fria balançando as árvores
Pinheiros resguardando os segredos.
de flores miúdas e amarelas
enfeitando os passos do caminho
.
Sintra, de que página, de qual conto saiste?
Que poeta te escreveu?
Já que palavra nada diz
quisera voar em teus espaços, teu palacio
com tua musica ao longe
cantando fados.

Mas Fadas me silenciam
descendo aos limbos e
resgatando tua poesia.
De lado deixo o lápis e papel.
O silencio é sempre o melhor poema.
Pois inscreve tua beleza na alma
que, em ti, apenas flutua
no encantado.



 Susana Meirelles






quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Beleza Triste






Uma nostalgia nas ruas
nas badaladas dos sinos
anunciando a hora.
Hora da saudade
Hora da despedida
Hora da partida.

Nesta noite cinzenta e fria,
Lisboa me parece triste
(e  por ser triste não deixa de ser encantada).

O meu olhar procura por algo
nas ruas antigas e sóbrias
que solidarias à minha dor,
me abrigam.

Lisboa, olho-te e  contemplo-me: 
Não sei em qual das tuas ruas 
essa neblina que tanto te encanta
em lágrimas minhas se tornará.

Largas são tuas praças
escuras, as veredas
Meus recantos mais sombrios
finalmente, em ti, encontrei.

Aqui posso ser invisível e silenciosa.
Faço-me morta
e nisso há um prazer triste.
(e por ser triste ,não deixa de ser encantado).

Descubro-me solitária e cinza
Como esses olhos que no metrô me fitam
e à primeira lágrima  que, como teus sinos 
anunciando a hora ,assistem.

Em silencio, nos cumprimentamos e lhes digo
que, como Lisboa, 
a tristeza pode ser bela
e a beleza pode ser triste.


 Susana Meirelles